Resumo

A indústria petroleira em seus diferentes processos e unidades apresenta elevada relação de volume de água utilizado por volume de petróleo processado. Por essa razão tem feito grandes esforços para tratamento dos efluentes gerados em seus processos, minimizando consideravelmente o impacto ambiental e reduzindo os custos operacionais. A água de produção que chega aos terminais de distribuição de petróleo pode conter altos teores de amônia e salinidade. Em alguns terminais o tratamento é baseado em um processo biológico não convencional: biorreator de batelada sequencial que promove a degradação de amônia e outros compostos. Para o desenvolvimento de processos em que a nitrificação não seja comprometida mesmo em concentrações hipersalinas, é de grande relevância que as populações bacterianas nitrificantes sejam conhecidas e monitoradas. Por serem micro-organismos que em geral estão em baixa abundância, o lodo ativado dos biorreatores foi aclimatado em dois diferentes meios de cultivo: R2A e MOD, contendo concentrações de NaCl variando de 6% a 20%. A partir dessas aclimatações foram construídos oito consórcios microbianos submetidos a dois tratamentos: Tratamento I: inoculação contendo meio de cultivo para bactérias nitrificantes; e Tratamento II: meio utilizado no Tratamento I, acrescido gradualmente de NaCl. A diversidade bacteriana de todos os consórcios foi verificada através da técnica de fingerprint DGGE. Para as aclimatações que tiveram os maiores índices de remoção de amônia, foi realizada caracterização através da construção de biblioteca de DNA para o gene que codifica RNAr 16S. Após extração do DNA da comunidade total nas diferentes aclimatações do lodo, produtos de PCR foram purificados, ligados em vetor pGEM-T e transformados em células ultra-competentes. Devido à baixa diversidade observada pela técnica de DGGE, 24 clones positivos foram selecionados aleatoriamente, sequenciados e submetidos à análise filogenética, para ambos os tratamentos. Os resultados revelaram a presença de 5 bactérias distintas, que não estão relacionadas ao processo de nitrificação, no entanto há abundância de bactérias ligadas ao processo de desnitrificação. A associação desses dados com os índices de nitrificação obtidos aponta que o processo de remoção da amônia está ocorrendo, uma vez que há nitrito suficiente para manter as populações desnitrificantes abundantes. Os resultados sugerem que a remoção da amônia provavelmente está sendo realizada por outros micro-organismos, que não bactérias, os quais serão alvo de novo estudo.